Dia 26 de Agosto de 2019, no auditório do Centro Cultural Franco-moçambicano, teve lugar a primeira Mesa Redonda do 4.º Seminário anual do projecto Museu do Cinema em Moçambique, com moderação do arquitecto Luís Lage, oradores Sol de Carvalho e Amílcar Mascarenhas, sob o tema "As Antigas Salas de Cinema de Maputo" e com abertura feita pela representante do Governo da Flandres em Pretória, nosso principal financiador, Geraldine Reymenants.

A segunda Mesa Redonda do 4.º Seminário Museu do Cinema. Dia 27 de Agosto de 2019, no Centro Cultural franco-moçambicano, moderada pela então presidente da AAMCM Diana Manhiça, com Ivandro Maochas (NetKanema), Wilford Machilli (Maputo Cinema Festival) e Fábio Ribeiro /ANIMA - Estúdio Criativo) sobre novas formas de exibição.

EXCERTO DA ENTREVISTA ALBERTO MONTHE, iniciou seu trabalho na infância, como pastor de gado. Em 1972, chegado a Maputo, trabalha como servente em casa de um empresário de mobílias. Seguindo as nacionalizações esteve desempregado e, após 8 meses iniciou um novo emprego no Cine-África como Arrumador. Quando os cinemas “declararam falência”, recebeu uma indemnização e ficou em casa, tendo sido reintegrado, quando a Companhia de Canto e Dança assumiu a gestão do espaço cultural, para as funções de Guarda.

EXCERTO DA ENTREVISTA ALEXANDRE SIMBINE trabalhava como servente na Casa das Beiras, lugar recreativo onde se realizavam bailes. Aquando das nacionalizações, o edifício foi adaptado para a sede do INC tendo presenciado a chegada Eurico Ferreira e Manuel Malo para a criação dos laboratórios. Continuou como trabalhador do Centro Social INC, onde servia as refeições dos funcionários e de altas individualidades. Deixou o INC a 12 de Outubro de 1984, para entrar na África de Sul e perseguir os seus sonhos como músico.

EXCERTO DE ENTREVISTA ARMANDO MUAMBO nasceu em Bilene-Macia, tendo completado poucos estudos, decidiu sair da sua localidade à procura de emprego, tendo trabalhado como servente de quintal. Veio para Maputo com amigos e empregou-se como trabalhador doméstico. Em busca de emprego melhor, passando pelo Cinema Infante (Charlot) em construção, pede para falar com o dono, onde acaba sendo admitido como Servente. Quando o então ministro Guebuza deu ordem de 24h, o seu patrão abandonou Moçambique e o cinema ficou sem gestão até à criação da administração dos cinemas do INC. Formou-se num dos cursos do INC e foi nomeado Gerente, após ter sido distinguido como o melhor Fiscal. Esteve no Infante (Charlot), Cine-teatro África, Matchedje, Scala, e no Estúdio 222, inclusive, após a aquisição por Gilberto Mendes tendo continuado até à reforma, e mesmo depois desta, agora como Guarda.

EXCERTO ENTREVISTA CACILDA COSSA foi admitida no INC a 11 de Abril de 1978 exercendo, inicialmente, a função de Auxiliar de Serviço no Cinema São Miguel. Passou pelos cinemas Matchedje, Xenon e Charlot, onde, após uma avaliação, passou para Arrumadora no Charlot. Em contínua aprendizagem, pode aprender a projecção e legendagem não tendo, contudo, se especializado na área. Cessou as suas funções no Cinema Charlot onde, em 2013 e após o incêndio que ocorreu no local, exercia a função de Arrumadora.

EXCERTO DE ENTREVISTA FERNANDO LUÍS nasceu em 1960 na Província de Inhambane, de onde saiu, em 1974, para Lourenço Marques, levado por um homem para quem trabalhou até à Independência. Em 1979 era funcionário na fabrica de candeeiros e em 1981, iniciou o seu trabalho no INC, no Cine-teatro África, como Auxiliar de Limpeza. Promovido pouco mais tarde à Bilheteira, estagiou na Arrumação e, em 1982, passou a auxiliar nesta área. Em 1986 foi transferido para o Gil Vicente, e logo depois foi chamado para a tropa, cumprindo a sua missão em Quelimane. Desmobilizado após o Acordo de Paz, em 1994 volta a apresentar-se no antigo emprego e retoma o trabalho até 1995, quando os cinemas Gil Vicente e Xenon são adquiridos pela Lusomundo. Nessa altura assume o cargo de Chefe do Bar.

EXCERTO DE ENTREVISTA GLÓRIA CHIULELE nasceu em 1964 na província de Gaza, chegou a Lourenço Marques em 1968. Iniciou o seu percurso como funcionária do INC em 1984. Foi, inicialmente, afecta ao Cine África como Auxiliar de Serviços. Em 1985 trabalhou no Gil Vicente de onde foi transferida para o Cinema Scala, em 1987, exercendo a mesma função. Entre 1988 e 1992 trabalhou como bilheteira, no Cinema Império, tendo também passado pelo Cinema Continuadores, onde cessou as suas funções.